segunda-feira, 23 de maio de 2011

Nossas crenças costumeiras

Nossas crenças costumeiras

O que crença?

Podemos afirmar que crença são coisas ou idéias em que acreditamos sem questionar, que aceitamos porque são óbvias, evidentes. Afinal, quem não sabe que ontem é diferente de amanhã, e que as horas passam sem cessar?

Quando digo “Ele esta sonhando” estou referindo a alguém acordado que diz algo que penso ser impossível ou improvável.

Tenho crenças silenciosas: sonhar é diferente de estar acordado, que sonho se relaciona com o irreal, e a vigília se relaciona com a realidade. Assim acredito que sei diferenciar a ilusão da realidade. Será?

Quando falamos “Ela esta maluca”, estamos nos referindo à pessoa que perdeu a razão, que inventa uma realidade que só existe para ela. Acredito que a razão se refere à realidade que é a mesma para todos.

Quando dizemos: Esta na chuva é para se molhar; ou Onde há fumaça há fogo; acreditamos na causalidade, que as coisas têm causa e efeito. E que a partir do momento que a conhecemos, podemos controlá-las.



Momentos de crise

Quando uma crença contradiz com a outra entramos em crise: quando aquilo que acreditamos é contrariado por outra coisa de nosso conhecimento, entramos em crise.

É assim com as experiências do tempo parado, o tempo veloz e o tempo marcado pelo relógio. Eles nos fazem indagar: Qual é o tempo verdadeiro? Ou podemos fazer uma pergunta mais profunda: O que o tempo?

Acontece a mesma coisa com o Sol. Nós percebemos o Sol se movimentar em volta da Terra, e não percebemos a Terra girar. Assim nossos olhos nos enganam profundamente, pois a Terra é que gira em torno do Sol. Será que podemos confiar em nossas percepções? Será que podemos confiar em tudo que vemos, ouvimos, sentimos ou devemos desconfiar delas?

Para responder essas perguntas precisamos fazer duas perguntas: O que é perceber? O que é realidade?



O que esta por trás dessas perguntas é  fato de estarmos mudando de atitude. Quando um objeto de crença passa a ser contraditório ou questionado estamos passando da atitude costumeira à atitude filosófica, portanto, um desejo de saber. É isso o que na origem a palavra filosofia significa, pois em grego, Philo – amigo; Sophia – sabedoria, portanto quer dizer: amigo da sabedoria.    

Chaui, Marilena. Convite à Filosofia. 13ª Ed. São Paulo, 2005, Ática, páginas 12-13.

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