domingo, 29 de maio de 2011

O que é o sonho? Alguns estudos: Ondas Cerebrais, Sono e Sonho



Ondas Cerebrais

As OCs são grandes grupos de sinais do potencial elétrico que ocorre nos nossos hemisféricos cerebrais. De acordo com o padrão de ondas cerebrais podemos caracterizar as atividades no nosso cérebro. Essas ondas são medidas pelo eletroencefalógrafo.

Os impulsos elétricos são medidos em ciclos por segundo, a unidade de medida é o Hertz (Hz).

Qual a importância de conhecermos o que são OCs?

Através das ocs podemos verificar o que esta acontecendo com o nosso cérebro, medindo até o nosso nível de lucidez em determinado momento.

A cada 7 ou 8 horas de sono, as pessoas chegam a sonhar 90 minutos, distribuídos em 4 ou 5 ciclos do sono. Com isso podemos comprovar que todas as pessoas sonham, embora muitas não lembram.

Basicamente são quatro tipos de ondas cerebrais:

Beta ( β ): tipo de onda de 14-30 Hz, que corresponde a vigília, se fossemos medir agora nossas ocs  todos nós estaríamos entre 14 e 30 Hz. Este estado acompanha todos os tipos de atividades cotidianas e intelectuais no estado de vigília.

Alfa ( α ): tipo de onda de 8-13 Hz, refere-se ao estado de alerta passivo ou relaxamento leve, geralmente ocorre quando estamos de olhos fechados, ou seja, um relaxamento físico e mental, em condições de tranqüilidade.

Theta ( θ ): tipo de onda que apresenta de 4-7 Hz, este tipo de onda é freqüente quando estamos em sono leve.

Delta ( δ ): tipo de onda mais lenta, de 1-3 Hz, surge em nosso estado de sono profundo. 

Sono

O sono tem 4 tipo estágios que cada vez fica mais profundo:

Estágio 1: Sono leve ou ligeiro;

Estágio 2: Sono confirmado: maior relaxamento, mioclonias, sensação de queda;

Estágio 3: Sono profundo: atividade cerebral menos intensa, estado de relaxamento profundo.

Estágio 4: Sono muito profundo, movimentos físicos são raros, refere-se com a recuperação do físico, ou seja, reprodução e recuperação celular.

O sono é classificado em MOR (movimentos oculares rápidos) e não MOR.

Os sonhos acontecem nos MOR. O primeiro sonho dura cerca de 10 minutos e nas fases seguinte vão se ampliando podendo chegar de 30 a 45 minutos nos últimos sonhos pela manhã, esses são os facilmente lembrados.

A hipótese mais aceita hoje sobre uma função importante do sonho é desmanchar as redes neuronais indesejáveis evitando uma sobre carga que possa reduzir a eficiência do cérebro. (Prêmio Nobel Francis Crick em 1953).  Pela fisiologia o sonho é a forma do nosso Sistema Nervoso Central desintoxicar-se das substâncias geradas durante o dia e não necessárias ao organismo.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

A morte de Sócrates

Sócrates: Vida e obra

Canção: Cotidiano

COTIDIANO - Chico Buarque

Composição : Chico Buarque

Todo dia ela faz tudo sempre igual:
Me sacode às seis horas da manhã,
Me sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã.

Todo dia ela diz que é pr'eu me cuidar
E essas coisas que diz toda mulher.
Diz que está me esperando pr'o jantar
E me beija com a boca de café.

Todo dia eu só penso em poder parar;
Meio-dia eu só penso em dizer não,
Depois penso na vida pra levar
E me calo com a boca de feijão.

Seis da tarde, como era de se esperar,
Ela pega e me espera no portão
Diz que está muito louca pra beijar
E me beija com a boca de paixão.

Toda noite ela diz pr'eu não me afastar;
Meia-noite ela jura eterno amor
E me aperta pr'eu quase sufocar
E me morde com a boca de pavor.

Todo dia ela faz tudo sempre igual:
Me sacode às seis horas da manhã,
Me sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã.
...

Canção: O que é o que é.

O QUE É O QUE É. Gonzaguinha

Eu fico
Com a pureza
Da resposta das crianças
É a vida, é bonita
E é bonita...

Viver!
E não ter a vergonha
De ser feliz
Cantar e cantar e cantar
A beleza de ser
Um eterno aprendiz...

Ah meu Deus!
Eu sei, eu sei
Que a vida devia ser
Bem melhor e será
Mas isso não impede
Que eu repita
É bonita, é bonita
E é bonita...

E a vida!
E a vida o que é?
Diga lá, meu irmão
Ela é a batida
De um coração
Ela é uma doce ilusão
Hê! Hô!...

E a vida
Ela é maravilha
Ou é sofrimento?
Ela é alegria
Ou lamento?
O que é? O que é?
Meu irmão...

Há quem fale
Que a vida da gente
É um nada no mundo
É uma gota, é um tempo
Que nem dá um segundo...

Há quem fale
Que é um divino
Mistério profundo
É o sopro do criador
Numa atitude repleta de amor...

Você diz que é luxo e prazer
Ele diz que a vida é viver
Ela diz que melhor é morrer
Pois amada não é
E o verbo é sofrer...

Eu só sei que confio na moça
E na moça eu ponho a força da fé
Somos nós que fazemos a vida
Como der, ou puder, ou quiser...

Sempre desejada
Por mais que esteja errada
Ninguém quer a morte
Só saúde e sorte...

E a pergunta roda
E a cabeça agita
Eu fico com a pureza
Da resposta das crianças
É a vida, é bonita
E é bonita...

Filosofia da existência

Filosofia da existência

Heidegger, medo e angústia  

Se vamos morrer, que sentido tem estarmos vivos? (Caveira, de Andy Wharol)

Qual o sentido da vida? É difícil encontrar uma pessoa que, pelo menos uma vez, já não fez essa pergunta. Ela revela algo importante sobre nós, seres humanos. Primeiro, que temos consciência de estar vivos e de que vamos morrer algum dia. Segundo, que isso deve ter algum sentido, ou seja, um sentido propriamente humano.

Biologicamente, o sentido da vida é passar os genes para frente: vivemos enquanto indivíduos para garantir a continuidade da espécie como um todo. Mas esse sentido biológico não nos satisfaz. Imaginamos que possa haver algo além da satisfação de nossas necessidades vitais. Pois a satisfação das necessidades é um meio para nos mantermos vivos não a finalidade ou sentido da vida.

Como disse o filósofo Heráclito de Éfeso (540 - 470 a.C.) "se a felicidade estivesse nos prazeres do corpo, diríamos felizes os bois, quando encontram ervilhas para comer". Os bois vivem o momento, para eles não existe um passado nem um futuro, pois para ter passado e futuro é preciso haver um sentido.

A morte

Podemos igualmente viver como bois ou atribuir um sentido para existência. Isto é, pensá-la como um projeto, com uma parte por realizar que é condicionada pelo que já se fez e pelo nosso ser-no-mundo, nossa situação concreta. A dimensão do tempo só aparece quando percebo a minha finitude, que eu sou um ser-para-morte. Saber que se vai morrer é o que desperta a questão do sentido, pois se vamos morrer, que sentido tem estar vivo?

A morte pode despertar em nós dois sentimentos distintos: o medo e a angústia. O medo nos faz não pensar na morte, não nos enfrentarmos com o problema, adiá-lo, esquecê-lo. Mergulhamos em ocupações, em falações, até conversamos sobre a morte de outros, mas não da nossa.

Segundo o filósofo
Martin Heidegger (1889-1976), o medo nos convida a viver na impropriedade, não atribuímos sentido, deixamos que os outros e as circunstâncias o atribuam, nos alienamos de nós mesmos, vivemos sempre correndo, com nossas agendas cheias de distrações que nos ocupam. Vivemos num sentido impróprio que não aponta em direção alguma, como uma finalidade sem fim.

A angústia

Por que nos esforçamos por ser belos, ter dinheiro, possuir coisas? Claro, tudo isso pode fazer sentido, mas como meio, não como fim em si mesmo. Na verdade, são na maioria dos casos "sentidos emprestados", na falta de um sentido que seja próprio.

Se o medo da morte me lança na impropriedade, a angústia produz o efeito contrário, ela abre a inospitalidade do mundo, para sensação de "ficar sem chão". A angústia me revela uma compreensão do meu morrer, que sou singular. Percebo que não posso escapar da convocação que a angústia me faz de viver na propriedade. Ou seja, a possibilidade de ser eu mesmo.

Meu próprio tempo

Sou um tempo que se esgota e só tenho essa existência para ser quem sou. Percebo que sou o meu próprio tempo, não o tempo dos relógios, sempre regular e homogêneo. Mas um tempo finito em que o presente só faz sentido em relação a um futuro, a um projetar-se que me revela como realizador de minha própria história, que realiza um sentido que eu mesmo escolhi como minha marca pessoal na história da humanidade.

Heidegger não estabelece um juízo de valor de que seria melhor viver na autenticidade do que na impropriedade. Ambas são possibilidades de ser. Em qualquer momento da vida posso passar de uma a outra e vice-versa. Posso eleger um dos sentidos já prontos ou construir o meu. A vida em si não tem sentido, somos nós que atribuímos um sentido para ela.

Nossas crenças costumeiras

Nossas crenças costumeiras

O que crença?

Podemos afirmar que crença são coisas ou idéias em que acreditamos sem questionar, que aceitamos porque são óbvias, evidentes. Afinal, quem não sabe que ontem é diferente de amanhã, e que as horas passam sem cessar?

Quando digo “Ele esta sonhando” estou referindo a alguém acordado que diz algo que penso ser impossível ou improvável.

Tenho crenças silenciosas: sonhar é diferente de estar acordado, que sonho se relaciona com o irreal, e a vigília se relaciona com a realidade. Assim acredito que sei diferenciar a ilusão da realidade. Será?

Quando falamos “Ela esta maluca”, estamos nos referindo à pessoa que perdeu a razão, que inventa uma realidade que só existe para ela. Acredito que a razão se refere à realidade que é a mesma para todos.

Quando dizemos: Esta na chuva é para se molhar; ou Onde há fumaça há fogo; acreditamos na causalidade, que as coisas têm causa e efeito. E que a partir do momento que a conhecemos, podemos controlá-las.



Momentos de crise

Quando uma crença contradiz com a outra entramos em crise: quando aquilo que acreditamos é contrariado por outra coisa de nosso conhecimento, entramos em crise.

É assim com as experiências do tempo parado, o tempo veloz e o tempo marcado pelo relógio. Eles nos fazem indagar: Qual é o tempo verdadeiro? Ou podemos fazer uma pergunta mais profunda: O que o tempo?

Acontece a mesma coisa com o Sol. Nós percebemos o Sol se movimentar em volta da Terra, e não percebemos a Terra girar. Assim nossos olhos nos enganam profundamente, pois a Terra é que gira em torno do Sol. Será que podemos confiar em nossas percepções? Será que podemos confiar em tudo que vemos, ouvimos, sentimos ou devemos desconfiar delas?

Para responder essas perguntas precisamos fazer duas perguntas: O que é perceber? O que é realidade?



O que esta por trás dessas perguntas é  fato de estarmos mudando de atitude. Quando um objeto de crença passa a ser contraditório ou questionado estamos passando da atitude costumeira à atitude filosófica, portanto, um desejo de saber. É isso o que na origem a palavra filosofia significa, pois em grego, Philo – amigo; Sophia – sabedoria, portanto quer dizer: amigo da sabedoria.    

Chaui, Marilena. Convite à Filosofia. 13ª Ed. São Paulo, 2005, Ática, páginas 12-13.

domingo, 22 de maio de 2011

O mundo de Sofia: A Cartola - O que é Filosofia

O QUE É A FILOSOFIA?

Cara Sofia! Há muitas pessoas que têm diversos “hobbys”. Algumas colecionam

moedas antigas ou selos, outras fazem trabalhos manuais, outras ainda dedicam quase todo

o tempo livre a uma modalidade desportiva.

Muitos gostam de ler. Mas aquilo que lemos pode variar muito. Há quem leia

apenas jornais ou banda desenhada, outros gostam de romances, outros ainda preferem

livros sobre os mais variados temas como a astronomia, a vida selvagem ou as descobertas

técnicas.

Se estou interessado em cavalos ou pedras preciosas, não posso exigir que todos os

outros partilhem deste interesse. Se me sento em frente à televisão encantado com todos os

programas desportivos, tenho de aceitar que outros possam achar o esporte aborrecido.

Haverá alguma coisa que interesse a toda a gente?

Haverá alguma coisa que diga respeito a todas as pessoas, independentemente do

que são e do lugar do mundo onde vivem? Sim, cara Sofia, há questões que dizem respeito

a todos os homens. E neste curso trata-se precisamente dessas questões.

Qual a coisa mais importante na vida? Se o perguntarmos a alguém num país com

o problema da fome, a resposta é: a comida. Se pusermos esta questão a alguém que esteja

com frio, nesse caso a resposta é: o calor. E se perguntarmos a uma pessoa que se sinta

muito sozinha a resposta será certamente: a companhia de outras pessoas.

Mas admitindo que todas estas necessidades estão satisfeitas - será que resta

alguma coisa de que todos os homens precisam? Os filósofos acham que sim.

Segundo eles, o homem não vive apenas do pão. É evidente que todos os homens

precisam comer. Todos precisam de amor e de atenção, mas há algo mais de que todos os

homens precisam. Precisamos descobrir quem somos e porque é que vivemos.

Interessarmo-nos pela razão da nossa existência não é um interesse ocasional, como o

interesse em colecionar selos.

Quem se interessa por tais problemas, preocupa-se com tudo aquilo que os homens

discutem desde que apareceram neste planeta. A questão acerca da origem do universo, do

globo terrestre e da vida é mais vasta e mais importante do que saber quem ganhou mais

medalhas de ouro nos últimos Jogos Olímpicos.

A melhor maneira de nos iniciarmos na filosofia é colocar perguntas filosóficas:

Como se formou o mundo? Haverá uma vontade ou um sentido por detrás daquilo

que acontece?
Haverá vida depois da morte? Como podemos encontrar resposta para estas

perguntas? E, acima de tudo, como deveríamos viver? Estas perguntas foram colocadas
desde sempre pelos homens. Não conhecemos nenhuma cultura que não tenha perguntado

quem são os homens e de onde vem o mundo. As perguntas filosóficas que podemos

colocar não são muitas mais. Já colocamos algumas das mais importantes.

A história oferece-nos muitas respostas diferentes para cada uma destas perguntas.

Por isso, é mais fácil formular perguntas filosóficas do que encontrar a sua

resposta.

Mesmo hoje, cada um deve encontrar as suas respostas para estas perguntas. Não

podemos saber se Deus existe ou se há vida depois da morte, consultando a enciclopédia. A

enciclopédia não nos diz como devemos viver. Mas ler o que outros homens pensaram

pode, no entanto, ser uma ajuda, se quisermos formar a nossa própria concepção da vida e

do mundo.

A busca da verdade pelos filósofos pode ser talvez comparada a um romance

policial. Alguns pensam que Andersen é o assassino, outros pensam que é Nielsen ou

Jepsen. Talvez o verdadeiro mistério deste crime possa ser um dia esclarecido subitamente

pela polícia. Podemos também pensar que a polícia nunca conseguirá resolver o enigma.

Mas este tem, no entanto, uma solução.

Mesmo quando é difícil responder a uma pergunta, é possível imaginar que a

pergunta possa ter uma - e apenas uma - resposta correta.

Ou há uma forma de vida após a morte ou não.

Muitos enigmas antigos foram, entretanto, resolvidos pela ciência. Outrora, o

aspecto da face oculta da Lua era um grande mistério. Não se podia descobrir a resposta

através da discussão, e assim era deixada à imaginação de cada um. Mas hoje em dia

sabemos exatamente qual é o aspecto da face oculta da Lua. Já não podemos acreditar que

haja um homem vivendo na lua, ou que ela seja um queijo.

Segundo um filósofo grego que viveu há mais de dois mil anos, a filosofia surgiu

da capacidade que os homens têm de se surpreender. O homem acha tão estranho viver, que

as perguntas filosóficas surgem por si mesmas.

Pensa no que sucede quando observamos um truque de magia: não conseguimos

perceber como é possível aquilo que estamos a ver. E perguntamo-nos: como é que o

ilusionista conseguiu transformar dois lenços brancos de seda num coelho vivo?

Para muitos homens, o mundo parece tão inexplicável como o coelho que um

ilusionista retira subitamente de uma cartola até então vazia. No que diz respeito ao coelho,

percebemos claramente que o ilusionista nos enganou. O que pretendemos descobrir é

como nos enganou.

Quando falamos sobre o mundo, a situação é diferente. Sabemos que o mundo não

é pura mentira, uma vez que nós estamos na Terra e somos uma parte do universo. Na

verdade, somos o coelho branco que é retirado da cartola. A diferença entre nós e o coelho

branco é apenas o fato de o coelho não saber que participa num truque de magia. Conosco

passa-se de modo diferente. Sentimos que tomamos parte em algo misterioso, e gostaríamos

de esclarecer de que modo tudo está relacionado.

P.S.: No que diz respeito ao coelho branco, o melhor é talvez compará-lo com o

conjunto do universo. Nós, que vivemos aqui, somos parasitas minúsculos que vivem na

pele do coelho. Mas os filósofos procuram subir pelos pêlos finos, de modo a poderem fixar

nos olhos o grande ilusionista.

O Mundo de Sofia: Cápitulo 2 - A Cartola